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Arquitetos: Le Corbusier
- Ano: 1960
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Fotografias:Fernando Schapochnik, Flickr elyullo (CC BY), Samuel Ludwig, Maria Gonzalez
O terreno apresenta um acentuado declive e poderosas vistas. Cada uma das cem células possui um balcão virado ao exterior, com as áreas comunais abaixo e o claustro contínuo em volta da cobertura. O edifício é materializado em concreto armado aparente, com superfícies envidraçadas em três das quatro faces externas.
O Mosteiro é composto por cem células individuais, uma biblioteca comunitária, um refeitório, uma cobertura claustro, uma igreja, e salas de aula.
Os pilotis alinham-se às paredes internas e abrem as fachadas a grandes panos de vidro. Os clássicos telhados jardins conformam um promenade arquitetônico.
Os espaços de residência e local de aprendizagem localizam-se num volume em forma de U, em torno do pátio central, fechado pela capela ao fundo que, ao ser sutilmente afastada, cria uma hierarquia e um ponto de vista no pátio, tanto interna, como externamente.
Grande parte do caráter do edifício encontra-se em seu interior, com as esquadrias de chão ao teto nas áreas públicas, a sala capitular e o refeitório com impressionantes vistas a oeste sobre o vale, a biblioteca, e a entrada da igreja.
Das cem células individuais de moradia, 84 possuem as dimensões de 5,29 x 1,83 e 2,26 m de pé direito, destinadas aos estudantes. As 16 restantes, para os professores, são um pouco maiores, 5,29 x 2,26 e 2,26 m de altura. Tais medidas provém de um dimensionamento preciso, da habitação mínima, a qual dispõe as atividades em fila. Todas as células possuem um balcão contínuo, que conforma a loggia -alvéolos em balanço que percorrem todo o pavimento. Além de sua função intrínseca e de composição de fachada, funcionam como brise-soleil, impedindo a incidência solar no verão e permitindo-a no inverno.
A rampa à entrada da igreja constitui-se num elemento icônico do projeto: um corredor austero de concreto aparente com montantes de espaçamentos desiguais, mas ritmados -os ondulatoires- conduzindo a uma parede de metal rígido que, ao rotacionar, dá acesso à penumbra e o colorido do restante da capela.
A capela diferencia-se do restante da edificação, por não possuir pilotis e apresentar um esqueleto estrutural independente. Conforma um volume de 44 por 11 metros, encerrado por paredes de concreto aparente, com o pé direito atingindo os 17 metros, no ponto mais elevado da nave. A aparência do concreto bruto, com o desenho e a textura das fôrmas de tábuas de madeira, absorve e evidencia a luz natural incidente, além de conferir uma essência austera ao espaço.
O interior da capela revela uma caixa de concreto, que concede sua essência espiritual através da utilização da luz natural e das cores fortes, seletiva e cuidadosamente inseridas. "Canhões de luz natural" são criados, pelos cinco tipos diferentes de aberturas ao redor da igreja, permitindo incidir a luz do dia, graciosamente esculpida no exterior. As cores também estão presentes nessas aberturas, que dão à igreja um brilho quente e evocativo.
A luz desempenha papel fundamental no projeto e responde às necessidades funcionais e à simbologia de cada espaço. Seja no caso dos grandes panos de vidro nas circulações, emoldurados pela cadência quase musical dos ondulatoires; ou nos rasgos sutis, tanto verticais como horizontais, que conferem uma áurea quase santa ao concreto armado; ou nos "canhões de luz", aberturas zenitais que direcionam a luz e criam pontos focais no espaço.